Planaltina-DF é palco de uma das mais antigas manifestações culturais e religiosas do Distrito Federal: a Folia de Roça em louvor ao Divino Espírito Santo. Uma tradição que atravessa gerações, resistindo ao tempo, às mudanças da sociedade e às transformações do mundo moderno.
Uma história que vem dos ancestrais
A origem da Folia remonta aos primeiros povoadores da região, ainda no século XIX, quando famílias sertanejas, movidas pela fé e pela devoção ao Divino Espírito Santo, se reuniam para realizar os giros nas fazendas e comunidades rurais, levando bênçãos, cânticos e esperança aos lares.
Inspirada em tradições portuguesas trazidas durante o período colonial, a celebração foi adaptada à realidade sertaneja do interior do Planalto Central. Desde então, tornou-se símbolo de resistência cultural e religiosa do povo de Planaltina.
Da roça para a cidade: uma tradição que não se perde
Ao longo das décadas, a Folia de Roça se estruturou, ganhou organização, novas lideranças e ampliou sua abrangência. Mesmo com o crescimento urbano e as mudanças nos modos de vida, a tradição permaneceu viva.
Em 2025, sob a condução dos Alferes Celso e Gilvânia, a Folia manteve o mesmo espírito que encantava os antigos: a fé levada de fazenda em fazenda, de pouso em pouso, com músicas tradicionais, ladainhas, partilha de alimentos e a fraternidade como elo principal.
Símbolos que atravessam o tempo
As bandeiras do Divino, ornadas com fitas coloridas, continuam sendo o maior símbolo da festa, representando a presença do Espírito Santo nas casas visitadas. Os cânticos, acompanhados por sanfonas, caixas e violas, são os mesmos entoados há gerações, guardando na melodia a memória dos que vieram antes.
O tradicional Encontro das Bandeiras, realizado na Praça da Igreja de São Sebastião, segue como o ápice da celebração, reunindo as folias da roça e da rua, em uma demonstração pública de fé, resistência e pertencimento cultural.
Patrimônio que precisa ser preservado
A Folia de Roça de Planaltina é mais que uma tradição religiosa: é um patrimônio imaterial que conta a história de um povo, de sua luta, sua fé e sua cultura. Cada alferes, cada folião, cada morador que recebe a bandeira, contribui para que essa história continue viva.
“A Folia é herança dos nossos avós, dos nossos pais. É nossa missão passar isso adiante, para que nossos filhos e netos também sintam esse amor pela tradição e pela fé no Divino”, afirma Celso, Alferes de 2025.
Legado para o futuro
Ao olhar para trás, Planaltina reconhece na Folia de Roça um espelho de sua própria história: um povo que valoriza suas raízes, que mantém viva a simplicidade, a religiosidade e a força comunitária.
E ao olhar para frente, vê na continuidade dessa tradição a certeza de que cultura, fé e identidade não são coisas do passado — são sementes que continuam germinando no presente e no futuro das novas gerações.