A Polícia Civil do Distrito Federal, por intermédio da 4ª Delegacia de Polícia do Guará, concluiu com êxito a Operação Rota de Fuga, assim denominada devido ao minucioso rastreamento tecnológico que permitiu mapear todo o percurso do criminoso após o roubo de um Honda HR-V.
A investigação, conduzida pela equipe especializada da Seção de Investigação de Crimes Contra Veículos e Objetos (SICVIO), resultou na identificação e pedido de prisão temporária do autor, de 32 anos, criminoso reincidente que aterrorizava motoristas da região, mesmo estando em regime de prisão domiciliar.
O crime que originou a operação ocorreu na noite de 17 de setembro de 2025, quando a taxista, de 65 anos, foi vítima de um violento roubo ao visitar sua irmã no Guará. Segundo apurado, dois criminosos em uma bicicleta observaram a vítima estacionar seu carro e deliberadamente decidiram atacá-la. Um dos assaltantes desceu da bicicleta, empunhou uma arma de fogo e, apontando-a para a senhora, proferiu a ameaça: “Perdeu, passa a chave”, tomando o veículo e fugindo em alta velocidade pela EPTG.
O que diferenciou esta investigação foi o uso estratégico da tecnologia de videomonitoramento urbano. A equipe da 4ª DP conseguiu compilar imagens de múltiplas câmeras — desde o sistema de segurança adjacente ao local do crime, passando pelas câmeras da Secretaria de Segurança Pública instaladas em postes, até as gravações de estabelecimentos comerciais. Esse trabalho permitiu reconstituir, minuto a minuto, a fuga do criminoso: após abandonar o veículo produto do crime em uma calçada de Vicente Pires, o autor caminhou deliberadamente até adentrar um prédio residencial — sua própria residência, compartilhada com a genitora.
“O trabalho meticuloso da equipe SICVIO foi determinante. Conseguimos mapear toda a rota de fuga por meio das imagens, desde o momento do roubo até a entrada do criminoso em seu esconderijo. Essa análise tecnológica nos levou diretamente ao autor”, destacou o Delegado Léda, responsável pela operação.
A identificação do assaltante como autor do crime foi consolidada por intermédio de múltiplas frentes investigativas. Além do rastreamento por câmeras, conversas com moradores da região confirmaram que o suspeito residia no prédio onde foi visto entrando.
Mais decisivo ainda foi o reconhecimento formal realizado pela vítima, que, diante de seis fotografias apresentadas conforme protocolo legal, apontou com absoluta certeza o investigado como seu agressor, declarando ter visto perfeitamente seu rosto durante o assalto.
O perfil criminal do autor revela a gravidade do caso. Com impressionantes oito inquéritos policiais em seu histórico — seis deles por roubo com emprego de arma de fogo — o investigado acumula cinco mandados de prisão preventiva expedidos e igual número de recomendações de prisão ativas. O mais alarmante é que todos esses crimes vêm sendo praticados enquanto o autor deveria estar cumprindo prisão domiciliar, benefício concedido em julho de 2025.
A reincidência criminosa ficou ainda mais evidente quando, apenas dois dias após roubar o veículo da vítima, foi novamente flagrado em 19 de setembro dentro de outro veículo roubado, tomado mediante ameaça com arma de fogo no Guará II. Abordado pela Polícia Militar na rodovia DF-075, o investigado alegou que o veículo lhe seria entregue como pagamento de dívida — versão considerada inverossímil diante das evidências.
“Estamos diante de um criminoso contumaz que transformou o benefício da prisão domiciliar em salvo-conduto para continuar praticando crimes violentos. A situação é gravíssima e demanda uma resposta firme do Estado”, enfatizou o Delegado, ao representar pela prisão temporária.
A operação evidencia um padrão criminoso preocupante na região do Guará: criminosos reincidentes que, beneficiados com medidas judiciais brandas, retornam às ruas para vitimar cidadãos honestos.
O autor demonstrou um modus operandi característico: escolhe vítimas vulneráveis, preferencialmente idosos e mulheres, atua no período noturno, sempre armado e com apoio de comparsa, abandonando os veículos roubados próximo à sua residência, aparentemente confiante na impunidade.
Diante do robusto conjunto probatório reunido — imagens, reconhecimento pela vítima, antecedentes criminais e flagrante reincidência — a Polícia Civil representou ao Poder Judiciário por três medidas cautelares essenciais: prisão temporária por 30 dias para garantir a conclusão das investigações e evitar novos crimes; busca e apreensão no apartamento do investigado, visando localizar a arma utilizada nos roubos; e quebra de sigilo telefônico e telemático para identificar possíveis comparsas e desarticular quadrilha.
A Operação Rota de Fuga representa mais do que a elucidação de um crime isolado — demonstra a capacidade técnica da Polícia Civil em utilizar recursos tecnológicos modernos para combater a criminalidade urbana. O nome escolhido para a operação sintetiza perfeitamente seu êxito: não importa qual rota o criminoso escolha para fugir, a investigação policial moderna possui ferramentas para rastreá-lo.
“Este caso prova que o crime não compensa. Conseguimos rastrear cada passo do criminoso, desde o Honda HR-V roubado até seu esconderijo. A mensagem é clara: nenhum criminoso está acima da lei, especialmente aqueles que abusam da confiança do sistema judicial para continuar delinquindo”, concluiu o Delegado responsável.
A Polícia Civil aguarda a apreciação das medidas cautelares pelo Poder Judiciário e mantém as investigações ativas para localizar e prender o segundo autor, que permanece foragido. A população é orientada a colaborar com informações através do Disque-Denúncia 197, com garantia de anonimato.
Esta operação reforça o papel da Polícia Civil do Distrito Federal como referência nacional em investigação criminal, aliando rigor técnico e eficiência operacional ao uso estratégico de informações e tecnologias para garantir resultados concretos em prol da sociedade.

